Engenheiro fala sobre desafios para implosão de ponte entre o TO e MA e avalia resultado como 'extraordinário'
Responsável pelos trabalhos, Manoel Jorge Diniz Dias considerou que resultado superou expectativas do ponto de vista técnico. Implosão durou 15 segundos e levou ao chão estrutura remanescente da ponte JK. Implosão de ponte deixou escombros às margens do rio
Reprodução/TV Anhanguera
Do ponto de vista técnico, a implosão da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, entre Aguiarnópolis e Estreito (MA), foi 'extraordinário', segundo o engenheiro de minas responsável pelos trabalhos, Manoel Jorge Diniz Dias. Mais de 200 kg de explosivos foram acionados às 14 horas deste domingo (2) e levaram abaixo o que havia restado da estrutura em 15 segundos.
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A ponte ligava os estados do Tocantins e do Maranhão desde os anos de 1960. Com diversos problemas estruturais, ela desabou no dia 22 de dezembro de 2024 causando mortes e deixando um ferido e desaparecidos. Dez veículos entre carros, motos, caminhonetes e carretas, estavam na estrutura quando ocorreu o desabamento.
De acordo com o engenheiro conhecido como Manezinho da Implosão, a ação foi satisfatória levando em consideração o desafio de tentar evitar o máximo possível que parte do concreto caísse na água e a necessidade de minimizar os impactos.
"O resultado superou nossas expectativas por conta do desafio que representou, principalmente esse lado do Tocantins. Nós convivemos com o drama muito grande com relação àquele pilar remanescente", explicou.
Imagens de drone feitas pela TV Anhanguera mostraram a ação. No lado tocantinense da ponte, apenas um pilar se manteve em pé mesmo com a força das explosões. Segundo o engenheiro, a estrutura apresentou instabilidade anteriormente e não foi possível colocar a mesma quantidade de material explosivo dos outros pontos.
Imagens de drone mostram implosão de ponte entre TO e o MA
"Esse é o pilar onde estava a junta e um pilar que estava sendo monitorado o tempo todo com o acelerômetro. Toda a intervenção que nós fizemos desse lado foi monitorada. A estrutura trabalhou de forma preocupante e nós abandonamos os trabalhos e fomos até o limite da segurança que é a realização de três furos apenas. Com esse resultado, sendo que lá na frente o pilar rompeu totalmente. Se a gente conseguisse essa quantidade, mas não foi possível. Mas aconteceu que ficou a ponte e era o que se esperava e agora tem acesso às máquinas, a construtora vai poder entrar aí e fazer um trabalho tranquilo", disse, afirmando que a retirada do material deve ser feita com máquinas de grande porte.
Como praticamente toda a ponte foi derrubada para que a nova estrutura seja construída, o engenheiro explicou que apesar de apenas um pilar ficar em pé, as expectativas do consórcio e do Dnit foram atendidas.
"Não é o caso de comemorar, lógico. O pano de fundo de tudo isso é uma tragédia, mas para atender a demanda que se faz presente aqui com relação à população, a necessidade de se retomar sua rotina, das pessoas voltarem a sonhar e de nós fazermos essa artéria voltar a funcionar, ligando o norte ao sul, o resultado, na minha avaliação, foi extraordinário", pontuou o especialista que já participou de mais de 200 implosões, entre elas do Presídio Carandiru, Edifício Berrini e o Estádio Fonte Nova.
Com as ações de segurança tomadas antes da implosão, como evacuação de área de risco, Manoel afirmou que a região ainda vai passar por análises para monitorar possíveis impactos.
"Vamos avaliar os resultados da cismografia, tem uma equipe muito qualificada. A área foi toda monitorada, foi feita também uma vistoria cautelar e vai ser feita uma vistoria. A receptividade da população foi muito boa, os resultados preliminares e a percepção aqui no local indica que não teve problema nenhum", afirmou, elogiando as equipes da Prefeitura de Aguiarnópolis e as Defesas Civis dos dois estados pela condução da população.
Engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias comandou os trabalhos de implosão da ponte JK
Reprodução/TV Anhanguera
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Relembre o desabamento
Pouco antes das 15h do dia 22 de dezembro a ponte JK cedeu. Pessoas que estavam nas proximidades conseguiram fazer vídeos do acidente. As condições da estrutura já era motivo de reclamação de autoridades e moradores tanto de Aguiarnópolis como de Estreito.
O vereador Elias Júnior (Republicanos), do lado tocantinense, estava fazendo um vídeo para denunciar a situação da ponte no momento em que ela cedeu. O parlamentar conseguiu filmar o momento que uma parte do asfalto cedeu por causa do rompimento do vão central.
Além dos veículos que caíram no rio, carros e caminhões acabaram ficando presos na estrutura. Quando o acidente completou um mês, em 22 de janeiro deste ano, os veículos começaram a ser retirados. Um dos proprietários chegou a conseguir uma liminar na Justiça Federal para conseguir reaver o carro que ficou atravessado em um dos buracos da ponte.
Das 18 vítimas do desabamento, o único sobrevivente foi Jairo Silva Rodrigues. Ele foi encontrado ferido no rio logo após o colapso da estrutura. Além dele, os corpos de outras 14 pessoas foram localizados. Três pessoas estão desaparecidas.
Dos veículos que caíram no rio estavam carretas carregadas de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico. Os frascos das cargas perigosas não se romperam, segundo informações dos órgãos que monitoram a situação.
Nos primeiros dias, as buscas às vítimas chegaram as ser suspensas pelo risco que as cargas poderiam causar aos mergulhadores. Após avaliação da situação no fundo do rio com equipamentos da Marinha do Brasil, os mergulhos foram liberados e os corpos começaram a ser resgatados.
Sobre a retirada dos materiais agrotóxicos e ácido sulfúrico que ainda estão no fundo do rio, a empresa que é responsável pelos produtos contrataram outras empresas especializadas nessa área para coordenar as ações de retirada.
Em janeiro, com a cheia do Rio Tocantins por causa das chuvas foi preciso interromper as buscas submersas, que seguem suspensas. O aumento no nível do rio também levou à abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito, segundo a Marinha do Brasil. Por causa da cheia no rio, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que o material só poderá ser retirado a partir de abril.
As movimentações dos governos estadual e federal para arrumar soluções para travessia entre os estados começou em dezembro. Foram anunciadas pelo menos duas datas sobre a possível travessia de veículos por balsa. Entretanto, atualmente, barcos contratados por iniciativa do governo estadual fazem a travessia de pedestres entre Aguiarnópolis e Estreito.
O DNIT chegou a anunciar a contratação da empresa Pipes Empreendimentos LTDA no valor de R$ 6.405.001,97. Mas a dispensa de licitação para contratação foi revogada porque houve descumprimento das obrigações contratuais por parte da Pipes, informou o departamento.
Enquanto a autarquia ligado ao Ministério dos Transportes não contrata outra empresa, a LN Moraes Logística LTDA foi autorizada a realizar o serviço de travessia por balsa no local pela Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq). A medida foi publicada no Diário Oficial da União no dia 21 de janeiro. Esse serviço deverá ter cobrança à população.
Ponte sobre o Rio Tocantins, entre Tocantins e o Maranhão, desabou em dezembro de 2024
Ademir dos Anjos/Governo do Tocantins
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